Hoje, por
algum motivo, é dia de texto. Mesmo com minha dor de cabeça multidimensional,
sinto que meu dia não valeria a pena se não escrevesse ao menos um texto. Já
estava pensando há dias em fazer a análise de um filme e creio que não poderia ter tido melhor escolha. O filme da vez é Matrix (apesar da pronúncia certa ser mêitrics, sempre falarei o bom e velho
português dos meus pais, intitulado “A Boca É Minha E Eu Falo Do Jeito Que Eu Quiser”, MATRICS ).
No livro “O
Mundo de Sofia”, há uma citação da peça “Jeppe de Bjerget", do escritor “Ludvig Holberg”.
Procurei a obra em todos os cantos da deep web, mas tudo que encontrei foram
textos em holandês ou algo do tipo. Para não estragar meus planos, vou tentar
resumir a história: Jeppe acaba dormindo numa estrada e acorda na cama de um
homem muito rico. Quando acorda, acha que sonhou que era um pobre camponês
mendigão que passava fome e volta a dormir. Enquanto dorme, é levado de volta ao
lugar onde havia adormecido primeiro. Quando acorda, pensa ter sonhado que
deitou na cama de um homem muito rico, misturando toda a realidade. Quem assistiu ao filme e é manjador já deve
ter entendido a minha analogia. O filme Matrix, além de uma série de outros
questionamentos, questiona o que é a verdade; o que é a realidade.
Primeiramente,
vamos ao que vem primeiro. Matrix é um filme de ficção científica e ação lançado no
ano de 1999 (apesar de ser uma trilogia, analisarei apenas o primeiro, por ter
sido o único que consegui assistir recentemente). O filme conta com a
participação de três personagens principais: Morpheus, Trinity e Neo. Ao
analisar a obra, pude retirar as seguintes interpretações para os nomes:
· Morpheus
é um deus grego, o moldador de sonhos. Tem a capacidade de assumir qualquer
forma no sonho de um humano. Por que o Deus dos Sonhos? O personagem faz a intermediação
entre o mundo real e a Matrix (breve virá sua explicação) e é o chuta bundas dessa
relação.
· Trinity
(do inglês, trindade), traz uma referência à Santíssima Trintade do cristianismo,
na qual Trinity, Morpheus e Neo representam aqueles três que trarão a paz.
· Neo.
O prefixo neo, de etimologia grega,
significa novo, o que remete à mudança, à revolução que todos aqueles que sabem
da Matrix esperavam. O termo Neo também é uma variação de One, fazendo alusão ao único, a ao escolhido. Muitos também dizem
que o personagem representa Jesus Cristo, pelo fato de trazer essa “nova
aliança” com o mundo perdido. Não vou me aprofundar nessa parte, pois meu foco
neste texto não é debater religião (isso fica para outro rs).
Mas e essa tão falada Matrix, o que
significa? Após viver tanto em função da tecnologia, a humanização da máquina
torna-se realidade no universo do filme. A máquina passa a desenvolver uma
inteligência artificial e descobre que, para manter-se viva, é necessário se
alimentar do corpo humano (algo relacionado à energia que nossos corpos lhes
fornecem). Para manter os humanos sob seu domínio, essa nova inteligência
artificial cria um mundo virtual onde os humanos vivem tal qual vivemos nos
dias atuais: envenenados pela ideologia do sistema que nos configura. Por
estarmos tão acoplados e alienados a esse sistema, passamos a fazer parte dele
e a defendê-lo, mesmo que inconscientemente (um dos ensinamentos mais fortes do
filme). Esse mundo virtual é a tão mencionada Matrix. A nós é apresentada
somente essa realidade, por isso, mesmo que ilusória, torna-se, em nossa mente,
a real (por ser a única a nós apresentada). Isso remete ao questionamento feito
no início do texto: o que são a verdade e a realidade? Como podemos diferenciá-las do surreal? Como dito por Morpheus durante o filme, se for tudo aquilo que
podemos sentir, tocar, cheirar, ver, então a Matrix é a realidade.
SPOILER ALERT SPOILER ALERT SPOILER ALERT SPOILER ALERT SPOILER ALERT
Finalizada essa primeira parte de introdução, vamos à análise do enredo do filme. Thomas Anderson trabalha para uma
empresa de software durante o dia e como hacker durante à noite, atendendo pelo
pseudônimo Neo. Thomas Anderson ou Neo, como você preferir (real versus surreal
hehe), na sua primeira cena, está debruçado sobre sua mesa, quando recebe o
primeiro contato do mundo real. Na tela do seu computador, aparecem mensagens
dizendo que a Matrix o encontrou e etc, dizendo-lhe para seguir o coelho
branco. No mesmo momento, alguns dos seus clientes batem à sua porta e uma das
mulheres convida-o para uma festa. Esta mesma mulher tem um coelho branco
tatuado nas costas. Esse coelho branco faz uma alusão ao filme Alice no País
das Maravilhas, no qual um coelho branco convida Alice para viver uma aventura.
A partir desse momento, Neo encontra Trinity
e começa a viver a tal aventura. Nesse começo de filme, Neo representa o trabalhador, a massa de manobra. Sempre cansado, preocupado com o trabalho e sem gozar dos prazeres da vida, é o tipo mais comum de cidadão.
Pelo fato de existirem pessoas que
vivem a real realidade se conectando à Matrix, existem os agentes, aqueles
responsáveis por exterminar essas pessoas. Esses agentes, ao saberem que Neo
está sendo contatado por Morpheus, capturam-no a fim de que ele entregue os
parâmetros do Negrão dos Sonhos. Neo toca o foda-se para os agentes, mesmo
pensando que são uma espécie de Gestapo, e, subitamente, acorda. Quando acorda,
recebe uma ligação de Morpheus e vai ao seu encontro. Lá, acontece a famosa
cena da pílula e, tendo de optar entre descobrir a verdade e continuar vivendo
sua vida mesquinha, crendo ser a verdade, escolhe rodar a baiana e descobrir
tudo.
Num real renascimento, Neo é
desconectado da espécie de casulo onde servia de alimento para as máquinas e é
mandado para a nave de Morpheus e sua tripulação. Morpheus explica o que é a realidade Matrix e mostra como está o mundo
realmente. O ano em que estão na verdade é pra lá do século XXII; não 1999,
como achava. O mundo se encontra todo fodido. Depois disso, Neo é treinado e,
durante seu treinamento, é educado sempre a livrar sua mente, numa tentativa de
se desprender da alienação às leis sob as quais estava vivendo.
Numa das próximas cenas, um dos personagens,
Cypher, aparece conversando com um dos agentes. Nessa conversa, Cypher, negocia
com o agente a entrega de Morpheus em troca de uma vida de prazeres em Matrix.
O personagem, mesmo sabendo que de uma forma ilusória, aceita se submeter à
omissão da realidade, nua e crua, em busca de prazeres e tampões surreais que
ofuscam a realidade (o que me lembra instituições religiosas, MASSS não é o
caso) e lhe proporcionam a sensação de uma vida satisfatória.
A trama continua a se desenvolver de
forma bastante interessante, com desfechos super legais. Diversos
questionamentos ainda podem ser feitos, mas, a fim de os estimular em vocês
mesmos, não tirar a graça do filme e de fazer com que vocês o assistam, não
irei mais comentá-los. A obra reúne os pensamentos de diversos filósofos (não
cheguei a citá-los por ter uma formação teórica palpérrima), formando uma
crítica pesadíssima à nossa sociedade. Não sendo somente uma obra de grandioso
valor intelectual, Matrix foi um marco para a história do cinema. Seus efeitos
visuais, com imagens em Slow Motion, trocas de ângulo e novíssimas explorações
técnicas e gráficas revolucionaram o que era considerado tangível ao cinema.
Por fim, não sei se ficou aparente,
mas não respondi como caracteriza-se a realidade, ou a verdade. Não respondi
pelo simples fato de não saber. Nunca encontrei nenhum conceito de verdade que me deixasse
satisfeito, então talvez seja melhor assumir a posição de Nietzsche e assumir
que não se pode encontrar uma certeza para a definição do oposto da mentira. Mas
vou além dele e atrevo-me a perguntar: será que, pelo fato de não saber o que é,
eu não esteja vivendo-a? Talvez a Matrix seja mais “real” do que pensamos...
Massa Joao, eu assisti os 3 e posso te dizer q o primeiro eh realmente tudo q vc falou...^^
ResponderExcluirObrigado, Amanda *-*
ExcluirAMIGO ESSE FILME É 1 PLÁGIO DE UMA HQ DO GRANT MORRISON CHAMADA OS INVISÍVEIS (THE INVISIBLES) HÁ BRAÇOS
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